Apetece-me escrever, mas não me ocorre nada que possa exprimir claramente a confusão que vai em mim. Não estou feliz, mas também não estou a chorar de infelicidade. Talvez esteja num patamar algures entre a felicidade e a tristeza, numa posição precária, oscilando perigosamente. Sinto-me constantemente perdida, vagueando por caminhos que não são provavelmente os mais correctos. Caminhos estes onde a minha mente deixou de ter uma clara noção das coisas.
Por incrível que pareça, todo este desvario se deve a um acontecimento que teve lugar há pouco mais de seis meses. Nunca mais fui a mesma desde que fui "obrigada" a afastar-me definitivamente daquela que era a pessoa mais importante para mim. E agora sei que toda a dor que me tem acompanhado não vai desaparecer nunca.
Com o filme O Carteiro de Pablo Neruda, vi um pouco da minha dor retratada em Mario Ruoppolo. Ver o abandono a que ele se prestou fez-me relembrar todos os meses da minha vida que passei assim... Desolada, perdida... E exactamente pelo mesmo motivo: a partida de alguém querido. Mas Mario teve sorte pelo menos numa coisa: viu a sua vida acabar rapidamente e levar assim com ela toda a dor provocada pelo esquecimento de que foi alvo.
E apesar de já quase não pensar em morrer, ainda não descobri nada que me faça esquecer tudo. Porque o que magoa não é só o facto de ter sido esquecida. É também a mania de recordar quem foi capaz de me arrumar para os recantos da sua memória.

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