Carta de uma mãe para a filha abandonada
Filha. Minha filha. Como magoa chamar-te e não obter resposta. Como dói lançar o teu nome ao vento e nada mais ouvir do que apenas silêncio. É excruciante esta dor que me consome. A dor de saber que tu pensas que eu não te amo. Mas eu amo-te. Mais do que alguma vez julguei possível uma pessoa amar outra. És parte de mim e, por mais que hoje não queiras ouvir esta explicação, não te deixei por vontade própria. Deixei-te porque a vida a isso me obrigou.
Chorei. E choro. Choro como naquela última noite em que te olhei até adormeceres, choro como naquela noite que eu sabia ser a última da vida que eu até então conhecia. Choro como chorei no dia em que soube que ia perder a minha menina para sempre. Porque eu sabia que te ia perder. Sei que não vais voltar a chamar-me durante a noite, quando acordares sobressaltada por eu ter ido para o meu quarto. Sim, porque tu não adormecias sem mim, lembras-te? Ficavas a apertar-me a mão com aqueles teus dedinhos pequeninos como que para te certificares que eu não ia embora durante o teu sono. “Dorme bem, sonhos cor de rosa”. Que saudades tenho de te ouvir dizer-me isto com os olhos quase fechados, vencida que estavas pelo sono.
Tenho saudades tuas, pequenina. Tenho saudades da minha bebé. Da bebé que se está a tornar numa mulher. Uma mulher ferida, magoada, revoltada. E tudo por minha causa. Porque não fui capaz de me sentar com a minha princesa e lhe explicar a reviravolta que a nossa vida ia levar. Não. Escolhi deixá-la ir, como se aquela manhã de uma manhã normal se tratasse. Como se ela fosse voltar para casa à noite. Eu sabia que ela não ia voltar. Mas ela não sabia. E não quero, não sou capaz de imaginar a dor que lhe causei por ela não ter sabido a verdade por mim, por não ter sido capaz de lutar por ela até ao fim. Porque hoje sei que é isso que uma mãe deve fazer. Deve cuidar, amar, lutar pelas suas crias. E eu não o fiz. Nunca serei capaz de me perdoar por ter deixado a minha bebé ao cuidado de outros, por tê-la deixado à mercê dos perigos da vida sem ter a minha voz para a guiar. Sem ter uma mãe presente para a amar, a amparar e ajudar a limpar as feridas resultante das quedas que a vida nos faz dar.
Hoje sei que devia ter agido de outra forma. Sei que devia ter estado lá, que devia tê-la mantido comigo até ao fim. Devia ter dito à minha filha, todos os dias, o quanto a amo. Não devia ter permitido, em momento algum, que ela duvidasse disso. Assim como não devia ter permitido que ela fosse obrigada a crescer, a perder a sua inocência, os melhores anos da sua infância... Por erros que eu cometi. Mais do que qualquer outra coisa, não devia ter posto em causa a felicidade do meu bem mais precioso.
Hoje sofro. Tanto ou mais do que aquilo que tenho sofrido nos últimos anos com a tua ausência. Sofro porque te magoei, porque te deixei desprotegida, porque te abandonei. Mas sofro mais ainda porque sei que te perdi. E, quanto a isso… Já deixaste bem claro que não há volta a dar.
Chorei. E choro. Choro como naquela última noite em que te olhei até adormeceres, choro como naquela noite que eu sabia ser a última da vida que eu até então conhecia. Choro como chorei no dia em que soube que ia perder a minha menina para sempre. Porque eu sabia que te ia perder. Sei que não vais voltar a chamar-me durante a noite, quando acordares sobressaltada por eu ter ido para o meu quarto. Sim, porque tu não adormecias sem mim, lembras-te? Ficavas a apertar-me a mão com aqueles teus dedinhos pequeninos como que para te certificares que eu não ia embora durante o teu sono. “Dorme bem, sonhos cor de rosa”. Que saudades tenho de te ouvir dizer-me isto com os olhos quase fechados, vencida que estavas pelo sono.
Tenho saudades tuas, pequenina. Tenho saudades da minha bebé. Da bebé que se está a tornar numa mulher. Uma mulher ferida, magoada, revoltada. E tudo por minha causa. Porque não fui capaz de me sentar com a minha princesa e lhe explicar a reviravolta que a nossa vida ia levar. Não. Escolhi deixá-la ir, como se aquela manhã de uma manhã normal se tratasse. Como se ela fosse voltar para casa à noite. Eu sabia que ela não ia voltar. Mas ela não sabia. E não quero, não sou capaz de imaginar a dor que lhe causei por ela não ter sabido a verdade por mim, por não ter sido capaz de lutar por ela até ao fim. Porque hoje sei que é isso que uma mãe deve fazer. Deve cuidar, amar, lutar pelas suas crias. E eu não o fiz. Nunca serei capaz de me perdoar por ter deixado a minha bebé ao cuidado de outros, por tê-la deixado à mercê dos perigos da vida sem ter a minha voz para a guiar. Sem ter uma mãe presente para a amar, a amparar e ajudar a limpar as feridas resultante das quedas que a vida nos faz dar.
Hoje sei que devia ter agido de outra forma. Sei que devia ter estado lá, que devia tê-la mantido comigo até ao fim. Devia ter dito à minha filha, todos os dias, o quanto a amo. Não devia ter permitido, em momento algum, que ela duvidasse disso. Assim como não devia ter permitido que ela fosse obrigada a crescer, a perder a sua inocência, os melhores anos da sua infância... Por erros que eu cometi. Mais do que qualquer outra coisa, não devia ter posto em causa a felicidade do meu bem mais precioso.
Hoje sofro. Tanto ou mais do que aquilo que tenho sofrido nos últimos anos com a tua ausência. Sofro porque te magoei, porque te deixei desprotegida, porque te abandonei. Mas sofro mais ainda porque sei que te perdi. E, quanto a isso… Já deixaste bem claro que não há volta a dar.
Comentários
Enviar um comentário