Às vezes pergunto-me como estou a conseguir aguentar tudo isto... Pergunto-me porque tenho de estar afastada de ti neste momento difícil da tua vida. E da minha, já que tudo me afecta de uma maneira insuportável. Saber que sofres com os problemas que tens contigo próprio e que, ainda por cima, sofres por não me teres perto de ti, dá cabo de mim. Já nem chorar adianta. Essa vontade já não me assalta tão frequentemente, não só porque estás melhor, mas também porque acho que já não há lágrimas que possam tirar de mim esta tristeza permanente, que me esforço por ocultar, sorrindo, quando me perguntam se estou bem, ou se preciso de alguma coisa. A minha habitual resposta é "eu estou bem", mas por vezes até dizer isto magoa. Porque não é verdade, e também porque não quero que pensem que sou fria contigo ao ponto de não me importar com aquilo que estás a passar. Porque se há alguém que se importa, esse alguém sou eu... Mas acho que cheguei à conclusão de que não quero mais parecer uma pessoa fraca, uma pessoa frágil que se vai abaixo com qualquer coisa. Tu não és qualquer coisa. Neste momento, és uma espécie de tudo. E tenho medo de pensar que este meu tudo vai um dia transformar-se em nada. Porque a tua presença não é eterna. Ou pelo menos não o é fisicamente. Porque vais estar sempre comigo, vai haver uma parte tua a viver sempre em mim e através de mim.
Posso não ter sido a melhor pessoa do mundo para ti, tenho perfeita noção de que nunca fui uma neta exemplar, mas no que toca ao meu amor por ti, agora sei que ele sempre foi grande. Nunca foi, talvez, manifestado da maneira correcta. Porque eu era uma menina mimada, caprichosa, que estava habituada a ter sempre aquilo que queria. E quando não tinha, reagia da pior maneira possível, e sempre te tive como alvo. Hoje arrependo-me amargamente de tudo o que te fiz, e principalmente de tudo o que te disse. Porque cresci, e sei que sempre fizeste por mim tudo aquilo que podias. Fizeste o possível e o impossível. E estar-te-ei eternamente grata por isso.
Por mais que hoje não esteja tão presente como outrora estive, o meu amor por ti cresceu. Cresceu e nunca, em momento algum, voltarei a ter contigo atitudes que tinha quando era ainda uma criança. Perdoa-me o facto de estar "longe", mas sabes que isso acontece porque alguém assim o quer. Não sou eu, nem és tu, mas é alguém que nos é importante aos dois. Porque hoje, após tudo aquilo que aconteceu, reconheço também a importância dessa pessoa. Esta é a principal prova de que amadureci. Consegui perdoar alguém que me fez, talvez sem querer, tanto mal, ao afastar-me de ti e dos meus irmãos. Mas não quero viver o resto da minha vida com arrependimentos, se alguma coisa calhar de acontecer. Porque hoje sei que o mais importante é viver com o amor daqueles que mais amamos, é estar rodeado de quem nos faz bem. Por isso te digo uma coisa, avô: eu vou voltar. Prometo.
Amo-te!
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