Parece que após tantos anos, não há mesmo outro rumo a dar à nossa história. Não há forma de eu te perdoar e de tentar dar-te aquela oportunidade que eu sei que tanto desejas. Mas não me posso culpar por isso. Não posso, nem quero. Tu abandonaste-me, fizeste aquilo que nenhuma mãe tem o direito de fazer a um filho. Sabias que eu te amava mais do que a tudo no mundo, mas pelos vistos, isso por si só não era suficiente. O amor que eu te dedicava não era o bastante para te fazer ficar do meu lado. A ti, MÃE!
Sabias que eu era, na verdade, louca por ti, mas mesmo assim passaste por cima do meu sentimento com uma facilidade que me parece impressionante. E é por isso. É por isso que hoje não consigo aceitar o teu carinho, que me faz impressão o teu toque, por mais ligeiro que seja. Pode parecer indecente eu dizer isto, mas é verdade. Magoaste-me tanto e de tal forma... Durante tanto tempo... Foram, no fundo, as tuas decisões que nos trouxeram até aqui, embora eu não possa dizer que me sinto totalmente indiferente à nossa situação. Porque apesar de todo o sofrimento que me causaste (quando eu ainda era apenas uma criança), não consigo deixar de sentir pena de ti. Sim, eu tenho pena dessa tua necessidade desesperada de companhia, desse teu medo de acabar sozinha. Pelo menos é esta a explicação que eu encontro para as tuas atitudes. E é por tudo isto que não me podes pedir que seja a melhor filha do mundo, que seja uma filha meiga e atenciosa. Não me podes pedir que saiba ser uma filha quando tu nunca soubeste ser uma mãe.

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