Odeio isto. Odeio sentir-me mal e não compreender o motivo, odeio estar triste e não saber se há algo que o justifique. Talvez haja, talvez não. Mas por mais que me esforce, não consigo perceber-me a mim própria, não encontro razão para as minhas constantes mudanças de humor. Como gostava de me sentir uma pessoa normal, em todas as aceções da palavra.
Sinto vontade de chorar, mas não encontro nada suficientemente mau que me ajude a fazê-lo. Ou talvez encontre, mas não quero simplesmente acreditar que é essa a razão que me vai levar a ficar lavada em lágrimas.
Sinto que já nem coerente consigo ser, já nem por palavras escritas me consigo exprimir. E é horrível para uma pessoa como eu, que sempre admirou o dom da escrita e da palavra, sentir que já nem naquilo que dantes costumava ser razoavelmente boa encontro escapatória. Já nem este meu refúgio me protege, me ajuda a deitar cá para fora tudo aquilo que vai dentro de mim. E é horrível. Esta impotência e esta perceção do meu falhanço é uma coisa que não cabe dentro de mim.
Mas não adianta. Por mais que me esforce, sinto que já nem nisto sou boa. Já nem a escrever me sinto melhor, uma vez que reconheço a minha cada vez maior falta de jeito. E por isso mesmo chega. Hoje não continuarei a insistir neste ponto que me atinge agora de uma maneira dolorosa.

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