Começo a ficar (seriamente) cansada de tudo. Viver é, cada vez mais, um suplício. Há algum mal em desejar que tudo acabe? Serei fraca por pedir a morte em lugar de mais dias infelizes?
Tudo isto é demais para a minha cabeça. Já não consigo chorar. Parece que todas as lágrimas foram vertidas e que agora nada me resta senão a familiar infelicidade que me acompanha dia após dia, noite após noite... Infelicidade esta que não me deixa olhar em frente, que me faz prever o futuro de maneira incerta, tirando de mim qualquer vontade que eu pudesse ter de esperar para vivê-lo. E, sinceramente, não me considero cobarde, se vier a tomar a decisão de acabar com este reboliço a que tenho chamado "vida". Sei que estaria a fazer aquilo que mais condeno: fugir de algo que se nos atravessa à frente... Mas essa parece-me a única solução. Já não tenho, simplesmente, mais forças para continuar a resistir.
E enquanto conseguir escrever, considero-me viva. Quando também para isto me faltarem as forças, sei que não há muito que possa ser feito.
Contudo, sinto-me a definhar.
Sinto que, a pouco e pouco, as minhas pernas vão perdendo a força, revelando-se este corpo um fardo demasiado pesado para ser carregado durante muito mais tempo. E há-de chegar o dia em que, com um estrondo, todo este peso tombará.
Aí, tudo ficará bem. Acabar-se-ão todas as possibilidades de um novo sofrimento, de mais lágrimas derramadas, de angústias constantes... Ficará para trás o bom... mas também o mau.
E só isso me interessa.
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