Avô...

Não estou acostumada a escrever-te, talvez por isso não saiba muito bem por onde começar. Só sei que quero que o  meu primeiro texto fale de ti. Posso dar início a isto dizendo que não quero que vás embora. Não quero que me deixes, não quero que partas para um mundo distante. Quero que fiques perto de mim, onde te encontro todos os dias. Hoje sei que aquilo que te digo e faço está, muitas vezes, errado. Pelos vistos, foi preciso chegar até aqui para perceber o quão importante és para mim. Só agora percebo que me fazes falta. Como sei que não consigo estar sem ti, peço-te que lutes contra tudo com muita força. Eu estarei cá para te ajudar e não pretendo deixar-te desistir. Até porque nunca conseguirei olhar para trás e resumir tudo a simples recordações. Quero continuar a ouvir-te rir, resmungar... Sei que um dia mais tarde irei ter saudades dos teus sermões. E quando esse dia chegar, o arrependimento causado pelo facto de já te ter tratado mal vai ser ainda maior do que aquele que trago comigo hoje. Não adianta fingir que nada aconteceu, não é? Eu vou sempre lembrar-me de tudo! Só gostava que me perdoasses. Pode não parecer, mas eu preferia estar no teu lugar, até porque ver a tua tristeza dá cabo de mim. Ver como, aos poucos, estás a desistir de tudo, faz-me querer virar costas para não ter de ver assim. Sei que nunca virás a ler isto e se calhar foi por isso mesmo que tive coragem suficiente para publicar este "desabafo".
Apesar de tudo, quero pedir-te desculpa por aquilo que já te disse. Errei muito contigo, mas juro que ainda te hás-de orgulhar de mim. Obrigada por seres o excelente exemplo de pessoa que és, por nunca teres desistido de nada e por enfrentares tudo de cabeça erguida. Obrigada por tudo.
Obrigada, avô, por me teres dado a honra de ser tua neta.

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