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A mostrar mensagens de março, 2015

Carta de uma mãe para a filha abandonada

Filha. Minha filha. Como magoa chamar-te e não obter resposta. Como dói lançar o teu nome ao vento e nada mais ouvir do que apenas silêncio. É excruciante esta dor que me consome. A dor de saber que tu pensas que eu não te amo. Mas eu amo-te. Mais do que alguma vez julguei possível uma pessoa amar outra. És parte de mim e, por mais que hoje não queiras ouvir esta explicação, não te deixei por vontade própria. Deixei-te porque a vida a isso me obrigou. Chorei. E choro. Choro como naquela última noite em que te olhei até adormeceres, choro como naquela noite que eu sabia ser a última da vida que eu até então conhecia. Choro como chorei no dia em que soube que ia perder a minha menina para sempre. Porque eu sabia que te ia perder. Sei que não vais voltar a chamar-me durante a noite, quando acordares sobressaltada por eu ter ido para o meu quarto. Sim, porque tu não adormecias sem mim, lembras-te? Ficavas a apertar-me a mão com aqueles teus dedinhos pequeninos como que para te certificar...